Investigador da U.Porto ajuda a desvendar a história genética do leão

Terça-feira, 12 Maio, 2020 | Alumni U.Porto

Embora os leões sejam dos seres vivos mais emblemáticos do mundo, pouco se sabe sobre como evoluíram ao longo do tempo. Mas um consórcio internacional, do qual faz parte o geneticista Agostinho Antunes, do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), e professor na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), analisou dados genómicos de 20 espécies de leões – alguns dos quais com 30 mil anos – e “atreve-se” a escrever um pouco da história do “rei-da-selva”.

O estudo, agora publicado na prestigiada revista PNAS, conclui que o leão-das-cavernas (Panthera leo spelaea) – espécie que existiu durante a idade do gelo se distribuiu desde a Península Ibérica até ao Alasca – e os leões modernos compartilhavam o mesmo ancestral, tendo-se as duas linhagens separado há cerca de 500.000 anos atrás.

O trabalho liderado por investigadores de vários países europeus e dos EUA mostra ainda que as duas linhagens provavelmente não hibridaram após a sua divergência. Ou seja, desde então nunca mais voltaram a cruzar-se entre si, o que constitui um aspeto determinante para o nascimento de novas espécies.

Segundo Agostinho Antunes, e no que diz respeito apenas aos leões modernos, encontraram-se “duas linhagens principais que divergiam há cerca de 70.000 anos atrás, com clara evidência do fluxo génico subsequente”.

Ainda sobre a mesma população, os dados do estudo revelam uma quase completa ausência de diversidade genética dentro dos leões indianos, “provavelmente devido ao tamanho muito reduzido da população e bem documentado no passado recente”, complementa o investigador.

Professor Auxiliar do Departamento de Biologia da FCUP, Agostinho Antunes lidera o Grupo de Genómica Evolutiva e Bioinformática do CIIMAR. (Foto: DR)

Em defesa da conservação

Agostinho Antunes, que já havia anteriormente dedicado todo um estudo ao tema dos leões em 2008, analisando em simultâneo a genética de leões e de um vírus altamente prevalente associado – o VIF (vírus da imunodeficiência felina, semelhante ao HIV em humanos), realça o potencial deste estudo, quer ao nível do conhecimento da história destes seres vivos emblemáticos, como nos esforços para a sua conservação.

“Os nossos dados contribuem para o entendimento da história evolutiva dos leões e complementam os esforços de conservação para proteger a diversidade desta espécie vulnerável que, nos últimos 200 anos, sofreu uma redução de cerca de 90% do seu tamanho populacional, encontrando-se em grande declínio”, remata o investigador e professor da U.Porto.

Recorde-se que Agostinho Antunes já tinha participado anteriormente em vários estudos que conduziram à descodificação dos genomas de espécies como o tubarão-branco, o pangolim, o jaguar, ou, mais recentemente, da lula gigante.

Fonte: Portal de Notícias da U.Porto

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